terça-feira, 25 de setembro de 2012

Um sobrevivente de Varsóvia


Domingo passado, no carro, ouvia uma peça de um compositor brasileiro pela Cultura FM, quando meu filho observou que aquele trecho lembrava o final do filme “O menino do pijama listrado”. Disse-lhe que aquele tipo de música servia bem para ilustrar a cena final do filme. Lembrei-me então da peça "Um sobrevivente de Varsóvia", de Schoenberg, e lhe contei a história da peça.

Trata-se de uma narrativa escrita por um judeu sobrevivente do campo de concentração de Varsóvia. O texto é impactante e Schoenberg utilizou o Dodecafonismo (do qual foi o criador e maior expoente) para ilustrá-lo. Não vou me perder em digressões técnicas, mas grosso modo o dodecafonismo é uma forma musical onde os 12 semitons da escala cromática têm igual importância (não existe "centro tonal", dó maior, por exemplo) e as melodias são escritas a partir de uma técnica chamada serialismo em que uma nota não pode ser repetida até que as outras 12 tenham sido tocadas. Daí resultam melodias absolutamente estranhas.

Ouvi certa vez na Cultura FM que, quando a música foi estreada, em 1947, o mundo ainda estava estupefato com os horrores da solução final e, ao final da execução, o teatro ficou paralisado, emudecido, sem esboçar reação. Dada a reação do público, já que não havia muito o que fazer, o maestro resolveu repetir a execução. Ao final dela, o teatro foi inundado por uma histeria coletiva e a execução foi aplaudida por mais de meia hora. Para se ter ideia da comoção que a composição causou. Hoje em dia ela não causa tanta, mas ainda assim é uma música impactante. Eu, quando a ouvi da primeira vez, fiquei bastante impressionado. Tenho uma interpretação em CD, cujo texto é em alemão e ele me parece mais forte, por conta da aspereza do idioma.


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