Diz que o Compadre Gavião estava com muita fome e resolveu
sair em busca de algo para comer. Voou, voou, até que encontrou o Compadre
Urubu. O Compadre Urubu vê o Compadre Gavião naquela aflição toda e lhe
pergunta:
- Onde você vai, Compadre Gavião, tão afobado?
- Eu vou ali achar alguma coisa pra comer! Vamos comigo,
compadre?
- Nãão, compadre, responde gravemente o Urubu, eu só como
quando está morto, assim, sem pressa. Não gosto de sair atrás das coisas, não.
- Mas vamos comigo, me acompanhe!, insiste o Gavião.
- Não, eu só como quando está assim, deitado, no chão,
quando já está morto. Eu não gosto de sair procurando a comida assim,
desesperado!
- Mas vamos comigo, compadre, você vai comer já já!
- Tá bom!
É tanta a insistência do Gavião que o Urubu cede.
O Gavião, voando bem à frente, se perde em suas preocupações:
“É já que eu vou encontrar alguma coisa pra comer com o Compadre Urubu.”
Logo mais à frente há uma árvore ressequida, toda
escangalhada, cheia de pontas, e o Gavião, voando naquela euforia, não se dá
conta e, numa fração de segundos... ploft!, estatela-se contra uma ponta de pau
e fica travado. Desesperado, começa a bater as asas freneticamente.
Nisso vem chegando o Compadre Urubu lá de trás, na maior
tranquilidade...
Quando o Gavião olha de lado e vê que o Urubu vem chegando,
suplica:
- Compadre Urubu, pelo amor de Deus, me tire daqui! Tire eu
daqui, compadre, que eu não vi esse toco! Eu me enganchei aqui!
O Urubu calmamente lhe responde:
- Não, compadre, você se esqueceu? Eu só como os mortos...
- Nããão, compadre!!! Pelo amor de Deus!!!!! Não vai fazer
isso comigo, não!
- Mas compadre, eu só como quando está morto mesmo...
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