Por toda minha vida foi uma música que me cativou desde a
primeira audição na voz da Elis Regina. O arranjo inicial já sugeria algo meio
barroco. Mas foi ao ouvir a interpretação de Mônica Salmaso e Paulo Bellinati
(violão) que o potencial mais barroco, polifônico, da música me ocorreu. A
partir da ideia básica do diálogo entre o violão e a voz da Mônica, escrevi o arranjo
a cappella.
A interpretação da Elis Regina, como tudo o que ela fazia
era visceral. Mas o clima mais barroco da primorosa versão da Mônica Salmaso e
do Paulo Bellinati me cativaram demais. Enquanto ouvia o violão dialogando com
a voz da Mônica, eu imaginava como ficaria se fossem vozes fazendo um
contraponto. Aquela imagem não saiu mais da minha cabeça e, um dia, enquanto
fazia compras no supermercado, me ocorreu a primeira frase do arranjo, o
diálogo da linha do baixo com a primeira nota da melodia, que poderia ser
longa, uma fermata talvez. Empolguei-me. Ainda no supermercado me ocorreram
algumas ideias de contracanto para as frases seguintes. Repeti-as várias vezes
para não esquecer e, chegando em casa, a partir dessa ideia básica, tinha o
ponto de partida para escrever o arranjo. E foi um arranjo escrito quase que a
toque de caixa, já que não havia muito o que fazer e a música era curtinha.
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