sexta-feira, 22 de junho de 2012

Sequestro relâmpago?

Há pouco estava fazendo minha caminhada diária quando, ao cruzar uma rua, percebi que uma Meriva chegava e dava seta para entrar no sentido de onde eu vinha. Atravessei na frente, agradeci sem olhar e, para minha surpresa, alguns segundos depois, possivelmente esperando os demais carros passarem, a Meriva não entrou à esquerda, saiu num solavanco, entrou à direita, passou por mim e parou de repente no meio fio um pouco mais à minha frente. Achei que estavam perdidos e, possivelmente, iriam me pedir alguma informação.

Continuei andando como quem não quer nada e, quando cheguei ao lado do carro, filmado, ouvi uma voz no banco de trás que pareceu dar a seguinte ordem: “abre o vidro!” Assustei-me, a pessoa da frente estava abrindo o vidro, olhei disfarçadamente e era uma moça com um olhar muito assustado. Estranhei.

Andei mais alguns metros, havia alguns carros estacionados, me escondi atrás de um deles e não tive dúvidas: liguei para o 190 dizendo suspeitar estar presenciando um sequestro relâmpago. Perguntas de praxe, onde, se eu via o carro, modelo, placa. Não dava para enxergar a placa e o carro continuava parado. Perguntei para a policial se era comum o carro ficar estacionado em sequestro relâmpago. Ela não me respondeu e queria a placa. Tentei me aproximar disfarçadamente, mas com medo de o suposto bandido perceber minha manobra. Quando faltavam alguns metros, o carro arrancou subitamente, rodou alguns metros e parou de novo bruscamente.

Disse à policial que não havia conseguido, ele havia arrancado bruscamente e parado mais à frente. Eu iria tentar alcança-lo novamente. A policial disse que mandaria uma viatura averiguar e desligou. Segui o carro, quando chegava perto, ele arrancou novamente. Andou mais uns 50 metros e parou bruscamente de novo. Os motoristas que passavam buzinavam irritados. Eu comecei a segui-lo de longe, correndo, agora sem intenção de anotar a placa somente para ver onde ia dar, caso a polícia aparecesse rapidamente.

Ele repetiu novamente a manobra, saiu bruscamente, rodou mais uns 50 metros, os outros motoristas buzinando e parou em frente a uma rua. Continuei correndo. Foi quando o carro fez menção de retornar em voltar na minha direção. Gelei. Alguém teria percebido alguma coisa? Mas não, ele entrou meio em disparada na rua à sua frente, um local ermo. Parei e pensei em voltar correndo para a esquina anterior mais próxima e ver onde o carro havia ido. Pensei melhor: e se eu der de cara com o carro e os caras perceberem que os estou seguindo?

Fiquei na padaria da esquina, movimentada, esperando ver se o carro passaria na rua de trás, no outro sentido. Não passou. Se ele entrou à direita na rua, fatalmente voltou para a avenida porque era uma bifurcação em Y. Fiquei de olho. Impressionante a quantidade de Merivas pratas que passaram por mim naqueles minutos. Perdi o carro de vista. Fiquei uns 20 minutos esperando e a polícia não apareceu.

Abandonei minha caminhada e voltei para casa intrigado e derrotado. Definitivamente havia algo acontecendo naquele carro pois suas manobras não eram nada normais. Poderia até mesmo ser uma briga entre um casal (o homem estaria no banco de trás e a moça no banco da frente: de qualquer forma, muito estranho). Ou poderia ter sido mesmo um sequestro relâmpago. Se ao menos eu pudesse ter anotado a placa, teria ajudado a polícia a averiguar.

Só espero agora a polícia não me localizar pelo número do meu celular e sugerir que eu estava passando um trote...