segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

No mínimo suspeito

Alguns fatos:
1. Não me deixo seduzir por teorias de conspiração
2. Considero Bolsonaro uma pessoa asquerosa e sem escrúpulos que chegou ao poder somente porque o país vive um esgarçamento quase total do bom senso e da democracia
3. Desde o início algumas coisas nesse atentado a faca não me convenceram; mas não levei as questões adiante para não parecer um mero aficionado por teorias conspiratórias
4. Não acredito em nada que Bolsonaro diz, ao contrário de boa parte dos brasileiros que o veem como alguém do bem (sic)
5. Obviamente que sou suspeito quando se trata de algo vindo de Bolsonaro porque sempre o considerei asqueroso
6. Resolvi publicar esse vídeo porque, teorias conspiratórias à parte, ele adiciona mais perguntas às que eu já fazia, e as perguntas são totalmente pertinentes
7. O fato é que essa história nunca será esclarecida e o máximo que ocorrerá será uma história muito mal contada desde o início e algumas pessoas mortas inexplicavelmente no rastro das tentativas de esclarecimento, assim como o escabroso caso Celso Daniel
A Facada no Mito: Uma visão diferente sobre o atentado a Jair Bolsonaro

Na Telhanorte


- Vou colocar o carimbo de pago. Seu nome é Obad... Não consigo falar esse nome. É complicado. 
- Obadias.
- Obadias... seu nome é... é... você é estrangeiro?
- Meu nome é árabe (mentira).
- Ah... sabia.
- Sou terrorista.
- Não... claro que não! Você tem loja na Jurubatuba? Tem um monte de árabe lá.
- Não tenho...

(adoro esses diálogos inesperados e engraçados que meu nome e sobrenome suscitam; “infelizmente” nunca resisto e sempre conduzo o diálogo por algum caminho heterodoxo, por vezes surreal).

sábado, 15 de dezembro de 2018

Esses brasileiros...


BRASILEIROS, PAREM DE SER INOCENTES!

Durante toda a campanha, cansei de aconselhar meus amigos bolsonarianos a pararem de ser inocentes. Se Bolsonaro não estava implicado em nenhum escândalo de corrupção, era porque sempre se tratou de um político menor, que nunca fez nada de útil, que sempre se manteve à sombra do poder, como todo político medíocre, mamando nas tetas do governo em pequenos desvios. Afinal, caro amigo, você não conhece o Brasil?

Então não tem essa de que o cara é uma reserva moral. Ele simplesmente nunca esteve no centro do poder. E se estivesse, com acesso à chave do cofre, a roubalheira seria de monta maior. É assim que funciona o Brasil. Pare de cair nesse conto de que o cara está livre de corrupção. O cara sempre participou de partidos enlameados com a corrupção, envolvido com milícia carioca e tudo o mais... Se liga! Não se deixe enganar com esse discurso demagogo!!!

Tinha até um amigo que acreditava na ideia absurda que seus filhos têm posto de gasolina como uma prova de que, se o brasileiro trabalha duro, pode chegar até mesmo a ter postos de gasolinas e viva o capitalismo! Eu lhe disse: acorda, amigo!!! Se eles conseguiram sair do nada para postos de gasolina, se isso é verdade, pode apostar que não foi apenas com o salário de parlamentar que o pai conseguiu, inclusive, ajudar os filhos a se instalarem no estado para mamarem das suas tetas. Pode apostar que foram pequenos desvios aqui e acolá... De grão em grão a galinha enche o papo...

Bem, o cara chegou lá, nem assumiu e os escândalos começaram a pipocar. O mais impressionante que o modus operandi demonstra um amadorismo atroz. Isso fortalece a ideia de que eram pequenos ladrões mamando nas migalhas que caem da mesa do erário, como por exemplo a provável devolução de salário de assessores, prática generalizada nesse país corrupto até a alma. Só sendo muito ingênuo para não sacar essas possibilidades durante as eleições.

Agora, para meu estupor, vejo bolsonaristas indignados tentando defender a honra do “meu presidente”, acusando a imprensa de leviana... É impressionante como o brasileiro não aprende... Portanto, meu conselho agora é outro:

BOLSOARIANOS, PAREM DE SER BURROS!

sábado, 8 de dezembro de 2018

"Dibrando" o fundamentalismo

- Felipe, percebeu que essa sonata soa um pouco diferente? A primeira é de Rachmaninoff, essa de Shostakovich. Embora ambos fossem russos e contemporâneos, Rachmaninoff escrevia de uma forma mais romântica (por isso era chamado de neo-romântico, já que a era do romantismo ficou para trás). Já Shostakovich tinha uma escrita mais moderna, por isso soa dessa maneira. Mesmo que você não entenda, é interessante ouvir, porque essas informações ficam registradas no seu cérebro e, quando você for compor alguma coisa, mesmo sem perceber, elas podem lhe ajudar, enriquecendo suas ideias.
- Mas eu não vou compor coisas assim.
- Não tem problema. O importante é conhecer tudo, é ter referências, mesmo que você não as use.
Ele ficou lá, ouvindo Shostakovich enquanto selecionava os livros/cadernos para doar e os para conservar.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

João, o mar...

“O João não é uma estrela famosa, ele é um ídolo para os músicos.” Marcinho Eiras
“O meu pai... ele é tipo o mar...” Felipe Silveira
“Esse cara é um monstro. Esse cara é uma lenda.” Daniel Araújo “Paxtorzão”
Eu cresci em um ambiente musical, seja nos diversos grupos musicais em que sempre atuei na igreja, seja na biblioteca na sala de casa, envolto nos infindáveis cadernos de música e livros de métodos musicais diversos do meu pai. E no rádio, somente música “clássica”, porque outro tipo de música era “música do mundo”, coisa que crente não ouvia.
Por isso mesmo, meu contato com a música nos primeiros anos de vida foi mais cerebral que sensorial. A música surgiu de dentro pra fora. Mesmo as músicas populares brasileiras, eu as conheci primeiro por meio de partituras: era capaz de solfejar várias músicas populares que eu sabia apenas o título.
Foi nesse contexto musical que, na entrada da adolescência, conheci VPC. Era uma música cristã de qualidade bem superior às músicas que os discos de minha mãe tocavam, ou as músicas que eu ouvia na igreja. Tanto que, na minha igreja, fui um disseminador daquela música e, de certa forma, ajudei a moldar o gosto musical de muita gente.
VPC tinha coisa boa demais. Eu viajava... Mas aos poucos fui sacando algumas músicas que me tocavam mais. Eu parava para escutar com mais detalhe: o que foi isso??? Olhava no encarte, e lá estava: João Alexandre. Milad, por exemplo, sua descoberta foi um acontecimento. Aos poucos, como era de se esperar, e por causa da minha “bagabem musical” prévia, João Alexandre se tornou um ídolo para mim. Eu, que sempre fui muito rococó, apenas para citar um exemplo, ficava praticamente “em transe musical” ao ouvir “Salmo 139” do álbum “Adoração Comunitária” em que o arranjo do João passeava entre o estilo barroco e o jazz. Eu o imaginava um cara beeeem velho, um guru musical de idade avançada. Fiquei estarrecido, alguns anos depois, ao descobrir que ele não era nem 10 anos mais velho que eu...
Anos mais tarde, quando estava procurando um produtor para um trabalho vocal que estava iniciando (e que até hoje não lancei o CD), o Daniel Regis Ferminio me disse: “Por que você não procura o Joao Alexandre Silveira?” A ideia me pareceu tão, mas tão absurda, que eu quase tive um acesso de riso. “Como assim???? Você está doido?” Acabei procurando (por que não?) e resultou que meu ídolo se tornou uma pessoa de carne, em 3 dimensões, e que dimensões... Descobri que, além de ídolo, ele era gente como a gente, um cara de uma sensibilidade, verdade, coerência ímpares. Um cristão fora daquele estereótipo manjado do “farisaísmo cristão” que eu estava acostumado.
Sim, definitivamente, João Alexandre é tipo o mar... ele é imensidão. Fiquei emocionado ao assistir esse vídeo por indicação do meu sobrinho Levi Virgolino. Aliás, fico muito feliz ao ver novas gerações que conhecem e valorizam esse monstro, essa lenda. Pena que não são muitos que o conhecem. Mas, sem dúvida, quem experimenta desse vinho com toda sua riqueza, aromas, sutilezas, e aprende a saboreá-lo, sofistica seu paladar e nunca mais o larga.