quarta-feira, 28 de novembro de 2018

João, o mar...

“O João não é uma estrela famosa, ele é um ídolo para os músicos.” Marcinho Eiras
“O meu pai... ele é tipo o mar...” Felipe Silveira
“Esse cara é um monstro. Esse cara é uma lenda.” Daniel Araújo “Paxtorzão”
Eu cresci em um ambiente musical, seja nos diversos grupos musicais em que sempre atuei na igreja, seja na biblioteca na sala de casa, envolto nos infindáveis cadernos de música e livros de métodos musicais diversos do meu pai. E no rádio, somente música “clássica”, porque outro tipo de música era “música do mundo”, coisa que crente não ouvia.
Por isso mesmo, meu contato com a música nos primeiros anos de vida foi mais cerebral que sensorial. A música surgiu de dentro pra fora. Mesmo as músicas populares brasileiras, eu as conheci primeiro por meio de partituras: era capaz de solfejar várias músicas populares que eu sabia apenas o título.
Foi nesse contexto musical que, na entrada da adolescência, conheci VPC. Era uma música cristã de qualidade bem superior às músicas que os discos de minha mãe tocavam, ou as músicas que eu ouvia na igreja. Tanto que, na minha igreja, fui um disseminador daquela música e, de certa forma, ajudei a moldar o gosto musical de muita gente.
VPC tinha coisa boa demais. Eu viajava... Mas aos poucos fui sacando algumas músicas que me tocavam mais. Eu parava para escutar com mais detalhe: o que foi isso??? Olhava no encarte, e lá estava: João Alexandre. Milad, por exemplo, sua descoberta foi um acontecimento. Aos poucos, como era de se esperar, e por causa da minha “bagabem musical” prévia, João Alexandre se tornou um ídolo para mim. Eu, que sempre fui muito rococó, apenas para citar um exemplo, ficava praticamente “em transe musical” ao ouvir “Salmo 139” do álbum “Adoração Comunitária” em que o arranjo do João passeava entre o estilo barroco e o jazz. Eu o imaginava um cara beeeem velho, um guru musical de idade avançada. Fiquei estarrecido, alguns anos depois, ao descobrir que ele não era nem 10 anos mais velho que eu...
Anos mais tarde, quando estava procurando um produtor para um trabalho vocal que estava iniciando (e que até hoje não lancei o CD), o Daniel Regis Ferminio me disse: “Por que você não procura o Joao Alexandre Silveira?” A ideia me pareceu tão, mas tão absurda, que eu quase tive um acesso de riso. “Como assim???? Você está doido?” Acabei procurando (por que não?) e resultou que meu ídolo se tornou uma pessoa de carne, em 3 dimensões, e que dimensões... Descobri que, além de ídolo, ele era gente como a gente, um cara de uma sensibilidade, verdade, coerência ímpares. Um cristão fora daquele estereótipo manjado do “farisaísmo cristão” que eu estava acostumado.
Sim, definitivamente, João Alexandre é tipo o mar... ele é imensidão. Fiquei emocionado ao assistir esse vídeo por indicação do meu sobrinho Levi Virgolino. Aliás, fico muito feliz ao ver novas gerações que conhecem e valorizam esse monstro, essa lenda. Pena que não são muitos que o conhecem. Mas, sem dúvida, quem experimenta desse vinho com toda sua riqueza, aromas, sutilezas, e aprende a saboreá-lo, sofistica seu paladar e nunca mais o larga.