quarta-feira, 24 de abril de 2024

Hérnia de disco

 


Em dezembro de 2021 escrevi um relato do meu problema de hérnia de disco para não me esquecer. Estava perdido no meu computador. Resolvi escrever no blog para ficar arquivado de forma mais organizada.


01/12/2021


Há uns 3 meses, enquanto fazia meu crossfit em casa, senti que a lombar estava doendo. Pensei ser algum problema muscular por eu ter feito algo errado. Parei de fazer os exercícios, esperando que a dor sumisse. Não desapareceu. Logo mais, eu teria retorno na reumatologista pra ver um problema antigo nos ossos. Na consulta, ela viu meus exames e disse que eu não tinha mais nada. estava tudo em perfeita ordem.

- E essa dor lombar?

- Deve ser muscular.

Receitou-me um relaxante muscular.


Não sarava, ao contrário, foi piorando a cada dia. Há cerca de 1 mês, com o aumento das dores, resolvi ir no pronto-socorro, sábado à noite. O ortopedista pediu Raio-X da coluna e disse que estava tudo bem. Solicitou uma ressonância magnética. Fiz a ressonância. Voltei dia 17 no ambulatório. O ortopedista que me atendeu me mostrou o resultado e indicou pra mim uma hérnia no final da minha coluna. Disse-me que iria pedir uma infiltração para a assistência médica. Iria demorar pra aprovar (eles tentam não aprovar), logo ele me avisaria por mensagem quando estivesse aprovado. Disse que, se fosse necessário cirurgia, era algo bem seguro, moderno. Explicou-me como seria. Mas sua primeira recomendação era mesmo um tratamento conservador. Receitou-me medicamentos para dor para diminuir o desconforto. Quando a aprovação da infiltração saísse, ele me avisaria. Se eu tivesse melhorado das dores, nem precisaria fazer nada: ele cancelaria o pedido. Comprei os remédios, parei de tomar o relaxante muscular que a reumatóloga havia me receitado e comecei a tomar os remédios receitados pelo neurologista.


No dia seguinte, ao acordar, fui descer as escadas do sobrado. Na metade da escadaria já não aguentava mais de dor. Desci bem devagar, escorando-me no corrimão. No chão, uma dor intensa, tive impressão de que desmaiaria. Sentei-me e chamei a Flávia. Ela veio enquanto eu quase desmaiava e tinha uma síncope (soube depois). Fiquei gemendo muito tempo no chão, sem conseguir articular nada, enquanto ela ligava para o SAMU. Depois de algum tempo fui melhorando, o SAMU ainda não havia chegado, ela cancelou. Depois de melhorar, ainda no chão, percebi que tinha me urinado todo. Tamanha a dor. Meu irmão passou em casa e deu carona para a gente até o hospital. Meu carro estava no conserto.


No hospital, diante do que eu contei, disseram-me que era melhor eu me internar para que eles entendessem melhor o que havia acontecido. Internei-me. Já medicado constantemente contra a dor, fizeram nova ressonância. O neurocirurgião que assumiu o caso veio falar com a gente: minha hérnia estava causando muita dor e eu precisaria fazer uma infiltração imediatamente. Normalmente isso resolve o problema, a menos que o caso seja muito grave. Eu tomaria a infiltração e melhoraria de cara. Agendaram no centro cirúrgico, sedação, infiltração... A dor não passou. Explicaram-me que alguns organismos demoram mesmo pra responder. Era dar tempo ao tempo. Recebi alta no dia 22.


No dia seguinte, 23, estou deitado no sofá, quando o cara da oficina ligou dizendo que o carro estava pronto. Eu lhe perguntei se ele pode trazer o carro até em casa porque eu estava sem condições de caminhar pela rua. depois eu o levaria de volta. Beleza, ele topou. Alguns minutos depois ele para em frente ao meu portão. Ao descer do sofá, distraído, em vez de me apoiar no chão com o pé direito, fiz com o pé esquerdo, o mais afetado pela dor (a hernia de disco estava afetando meu lado esquerdo). A dor foi lancinante. Dei um grito de dor e caí no chão. Tentei de todas as formas voltar para o sofá e gritei para o cara esperar um pouco. Depois de melhorar um pouco, liguei pra ele e disse que minha esposa estava voltando de um curso e estava perto de casa, a pé. Ele se encontrou com ela que resolveu a parada. Ao chegar em casa, encontrou-me gemendo de dor. Ela já estava meio irritada porque eu estava dando muito trabalho, a coisa não melhorava, cacete! Eu falei pra ela deixar que eu esperaria mais que a dor deveria passar. Fiquei umas 2 h gemendo de dor em cima do sofá e não passava. Nesse ínterim, ela foi dormir. Depois de umas 2 h, a dor aumentando, vi que não tinha jeito: joguei-me no chão, minha alma quase saiu pela boca. Tentei me arrastar até o carro. A dor era tanta que eu não conseguia nem me mexer. Gritei por ela. Ela veio. Falei que não tinha mais jeito, tínhamos que ir para o hospital de novo. Mas eu não tinha como sair dali. Sugeri que ela pedisse ajuda dos vizinhos. Tem uma loja de som em frente de casa. Ela pediu para o dono, o Ni, e o cara da loja de lavagem de bancos que estava com ele, ajudarem. Eles vieram na minha sala, pegaram-me e me colocaram no banco de trás do carro. Eu berrava de dor porque qualquer mexida que desse em mim, a dor explodia. Ela foi até o hospital, que não fica longe, eu gritando de dor. 


No hospital, pediram para ela estacionar na vaga de ambulância e uns caras de ambulância me pegaram e me colocaram em uma maca que eles trouxeram. Eu berrando de dor, porque não aguentava mais. Entraram comigo no pronto atendimento e me disseram que iriam aplicar morfina. E enfermeira me disse que a morfina tiraria minha dor imediatamente (porque ela é muito forte). Demorou um bom tempo para a dor sumir, depois que eu tomei a morfina. A dor foi diminuindo aos poucos. Acho que a dor era tanta que nem mesmo a morfina funcionou tão rápido. Na madrugada desse dia, nova ressonância, a 3ª, para eles virem o que havia acontecido: algo deveria ter piorado. Fiquei quase 1h e 20 minutos na máquina. Impressionante. Acho que analisaram até minha alma. No dia seguinte, depois do laudo da ressonância, uma neurocirgiã veio falar comigo explicando que eu poderia tentar o método mais conservador, nova infiltração, ou ir logo para a cirurgia. De qualquer forma, eu já tinha feito uma infiltração 2 dias antes. Se não tinha funcionado da primeira vez, nada garantia que funcionaria da segunda. Eu perguntei o que ela me aconselharia. Ela não aconselhou nada: a decisão teria que ser minha.


No pronto-atendimento, depois que a dor baixara, eu percebera que minha perna esquerda estava dormente e que eu tinha perdido sensibilidade na planta do pé e em parte da parte de trás da perna. A neuro me disse que isso era um problema e que poderia não voltar mais. Significava que a hérnia tinha pinçado meu nervo ciático e causado lesão nele. Por isso, inclusive, a dor tão forte. Se eu quisesse fazer o método conservador, demoraria de 3 a 6 meses para eu melhorar, com o risco de piorar minha lesão no nervo ciático. Nem tinha muito que pensar, né? Operei.


Meu pé esquerdo não funciona mais direito. Agora vou tentar recuperar isso com fisioterapia. Uma amiga me passou uma fisioterapeuta que, segundo ela, faz milagres. Já entrei em contato com ela. Não trabalha com plano de saúde. Logo, terei que pagar do meu bolso mesmo. 80 reais cada sessão. Ela me disse que, se eu puder ir diariamente, consigo me recuperar mais rápido. Fica no Tatuapé (São Paulo), meio fora de mão pra mim que moro em Santo André. Depois que eu retornar ao médico para tirar os pontos, em 15 dias ele vai me fazer os encaminhamentos. Geralmente fisioterapia que trabalha com assistência médica não dá muita atenção para o paciente. É uma bosta.


Ontem saí para caminhar um pouco na rua (recomendação médica de caminhar cerca de 30 minutos por dia). Fui cortar o cabelo. Fiquei impressionado com minha dificuldade para caminhar, agora que estou "coxo". Senti na pele o que é ser uma pessoa com limitação física. Impressionante. O esforço para caminhar, a dificuldade das calçadas, como é bem mais difícil subir uma ladeira! Complicado mesmo...


Ah... internei-me no Hospital Brasil. Atendimento fora de série. Praticamente tirei férias. Acomodações estupendas no quarto, comida farta e boa. Vida mansa, ahahahahahah! E o pessoal supersimpático. Muito bom mesmo.