"Os Unicórnios Cor-de-rosa Invisíveis são seres de
grande poder espiritual. Sabemos isto porque eles são capazes de ser invisíveis
e cor-de-rosa ao mesmo tempo. Como em todas as religiões, a Crença do Unicórnio
Cor-de-rosa Invisível baseia-se em lógica e fé. Acreditamos que eles são
cor-de-rosa e logicamente sabemos que são invisíveis porque não os conseguimos
ver." –
https://pt.wikipedia.org/wiki/Unic%C3%B3rnio_Cor-de-Rosa_Invis%C3%ADvel
Esse texto me fez lembrar uma conversa com uma amiga em que
discutíamos a ideia de que “se uma pessoa crê em algo, aquilo é real para ela”.
A parada seria “o que é realidade, afinal?” Daí eu arriscaria dizer que há duas
realidades: objetivas e subjetivas. A realidade objetiva é aquela que pode ser
provada empiricamente. Por exemplo, o universo, a terra, o conhecimento
científico em geral são percepções da realidade objetiva: ela existe,
independente de nós. Não me refiro aos conceitos matemáticos, por exemplo, que
explicam a realidade objetiva. Esses conceitos são abstrações. Mas a realidade
a que eles se referem são absolutamente objetivas.
O resto, e que depende da imaginação de cada um, são
realidade subjetivas, sujeitas ao tempo, à cultura. São os mitos em geral. Até
mesmo conceitos que damos como “objetivos” são subjetivos, como a ideia de “país”.
Alguém poderia dizer: “mas é claro que o Brasil existe! Olha lá no mapa!” Mas a
ideia de país é absolutamente subjetiva, é um mito criado e que as pessoas
acreditam. Se todos os seres humanos morressem hoje e, dentro de alguns anos
começassem a surgir novos seres humanos de algum processo qualquer, sem laço
cultural com a atual cultura, ele seria capaz de reconhecer uma árvore,
independente do nome que desse a ela, mas podemos assegurar que o Brasil não
existiria, tampouco outros países. E, se algum dia o conceito de país surgisse
novamente, a divisão dos países seria bem diversa da que existe hoje e seria
algo imaginado ao longo do tempo pelos processos históricos. Ou seja, uma
realidade totalmente subjetiva.
Ainda que países sejam mitos, como tantos outros, são
facilmente “lastreáveis” na realidade objetiva a partir de uma série de
ferramentas (a geografia, por exemplo) e é possível, através dessas convenções,
chegar a uma determinação consensual e “objetiva” de onde começa e termina um
país em particular. Apesar dessa realidade que se torna “objetiva” porque as
pessoas concordaram, por meio de sua imaginação de que aquilo seria real,
pode-se afirmar que países não existem no mundo real, apenas na imaginação das
pessoas.
Penso que as religiões são o mesmo: elas são “realidades
subjetivas” que existem apenas na cabeça das pessoas. Se uma determinada ideia
subjetiva a respeito de uma determinada divindade se torna uma ideia
compartilhada por um número muito grande de pessoas, aquilo acaba sendo
enxergada como uma “realidade objetiva”. Por isso as pessoas gostam de dizer “Deus
é real”. É real na imaginação delas. Tanto que existem tantos “deuses reais” e
a única característica que eles realmente têm em comum é o fato que um número
limitado de pessoas acredita neles e os demais geralmente consideram
Se, por algum motivo as pessoas passassem a acreditar, aos
poucos, nessa proposição dos “unicórnios cor-de-rosa” que soa tão hilariante, e
fossem perdendo a crença no deus Jeová, por exemplo, e em alguns milênios houvesse
muito mais gente que acreditasse nos tais unicórnios, isso seria encarado como
uma “realidade objetiva” pela maior parte das pessoas e a ideia de um “deus Jeová”
nos moldes dos cristianismo seria hilariante.
Enfim, vivemos numa grande matrix de realidade subjetivas
que se interrelacionam e causam uma sensação de realidade objetiva. Mas a única
objetividade disso tudo é que não passa de imaginação nossa. J