sábado, 4 de junho de 2016

Subjetividade e Objetividade

"Os Unicórnios Cor-de-rosa Invisíveis são seres de grande poder espiritual. Sabemos isto porque eles são capazes de ser invisíveis e cor-de-rosa ao mesmo tempo. Como em todas as religiões, a Crença do Unicórnio Cor-de-rosa Invisível baseia-se em lógica e fé. Acreditamos que eles são cor-de-rosa e logicamente sabemos que são invisíveis porque não os conseguimos ver." –  https://pt.wikipedia.org/wiki/Unic%C3%B3rnio_Cor-de-Rosa_Invis%C3%ADvel

Esse texto me fez lembrar uma conversa com uma amiga em que discutíamos a ideia de que “se uma pessoa crê em algo, aquilo é real para ela”. A parada seria “o que é realidade, afinal?” Daí eu arriscaria dizer que há duas realidades: objetivas e subjetivas. A realidade objetiva é aquela que pode ser provada empiricamente. Por exemplo, o universo, a terra, o conhecimento científico em geral são percepções da realidade objetiva: ela existe, independente de nós. Não me refiro aos conceitos matemáticos, por exemplo, que explicam a realidade objetiva. Esses conceitos são abstrações. Mas a realidade a que eles se referem são absolutamente objetivas.

O resto, e que depende da imaginação de cada um, são realidade subjetivas, sujeitas ao tempo, à cultura. São os mitos em geral. Até mesmo conceitos que damos como “objetivos” são subjetivos, como a ideia de “país”. Alguém poderia dizer: “mas é claro que o Brasil existe! Olha lá no mapa!” Mas a ideia de país é absolutamente subjetiva, é um mito criado e que as pessoas acreditam. Se todos os seres humanos morressem hoje e, dentro de alguns anos começassem a surgir novos seres humanos de algum processo qualquer, sem laço cultural com a atual cultura, ele seria capaz de reconhecer uma árvore, independente do nome que desse a ela, mas podemos assegurar que o Brasil não existiria, tampouco outros países. E, se algum dia o conceito de país surgisse novamente, a divisão dos países seria bem diversa da que existe hoje e seria algo imaginado ao longo do tempo pelos processos históricos. Ou seja, uma realidade totalmente subjetiva.

Ainda que países sejam mitos, como tantos outros, são facilmente “lastreáveis” na realidade objetiva a partir de uma série de ferramentas (a geografia, por exemplo) e é possível, através dessas convenções, chegar a uma determinação consensual e “objetiva” de onde começa e termina um país em particular. Apesar dessa realidade que se torna “objetiva” porque as pessoas concordaram, por meio de sua imaginação de que aquilo seria real, pode-se afirmar que países não existem no mundo real, apenas na imaginação das pessoas.

Penso que as religiões são o mesmo: elas são “realidades subjetivas” que existem apenas na cabeça das pessoas. Se uma determinada ideia subjetiva a respeito de uma determinada divindade se torna uma ideia compartilhada por um número muito grande de pessoas, aquilo acaba sendo enxergada como uma “realidade objetiva”. Por isso as pessoas gostam de dizer “Deus é real”. É real na imaginação delas. Tanto que existem tantos “deuses reais” e a única característica que eles realmente têm em comum é o fato que um número limitado de pessoas acredita neles e os demais geralmente consideram

Se, por algum motivo as pessoas passassem a acreditar, aos poucos, nessa proposição dos “unicórnios cor-de-rosa” que soa tão hilariante, e fossem perdendo a crença no deus Jeová, por exemplo, e em alguns milênios houvesse muito mais gente que acreditasse nos tais unicórnios, isso seria encarado como uma “realidade objetiva” pela maior parte das pessoas e a ideia de um “deus Jeová” nos moldes dos cristianismo seria hilariante.


Enfim, vivemos numa grande matrix de realidade subjetivas que se interrelacionam e causam uma sensação de realidade objetiva. Mas a única objetividade disso tudo é que não passa de imaginação nossa. J

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