domingo, 26 de maio de 2019

Para quem, como eu, gosta de estatísticas


Acabei de descobrir que o Skoob tem um paginômetro. Considerando que ficaram de fora do Skoob algumas centenas de livros que li entre os 11 e 16 anos, eu teria lido, até hoje, 387 livros. Essa é uma estatística conservadora, já que dos 11 aos 15 eu costumava ler uns 2 livros por semana. Só nesse período eu teria lido cerca de 400 livros. Certamente não registrei nem metade deles no Skoob e até hoje de vez em quando me deparo com um livro que li e que ainda não tinha registrado. Estou considerando também os livros religiosos, teológicos e leitura enciclopédia que li nessa época e que não constam no Skoob. Por exemplo, aos 11 anos li uma enciclopédia de Psicologia com 5 volumes.

Então vou acrescentar mais 150 livros a essa estatística para deixá-la um pouco mais realista.

Os 387 livros, segundo o Skoob, representam 102.198 páginas. Se eu fosse acrescentar mais 150 livros, ficaríamos assim:

387 + 150 = 537
537 = 387 + 38,75%
102.198 + 37,75 = 141.809

Considerando que me tornei um leitor "compulsivo" a partir dos 8 anos mais ou menos e considerando que agora tenho 50, eu teria lido, aproximadamente, 9 páginas por dia, uma média considerável mesmo para mim hoje que tenho uma vida muito corrida.

Pensando em livros por mês, seria uma média constante de 1 livro por mês ao longo de 42 anos.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Primeiro arranjo do Felipe

Anteontem, na saída da aula da Fundação das Artes, ele me disse que na prática de grupo cantaram a música "Seu Lobato" (Old McDonald) e que ele tinha tocado o piano e improvisado um arranjo na hora.

Quando chegamos em casa ele me mostrou como tinha tocado, com cruzamento nas mãos e tudo o mais, e agora há pouco me mostrou a partitura finalizada do seu arranjo. escreveu tudo certinho.

Eu escrevi meu primeiro arranjo, para banda de música, lá pelos 12 anos, se não me falha a memória. ele começou aos 10 e estuda em uma escola de ponta (eu fazia auto-didaticamente). Está bem encaminhado!


segunda-feira, 20 de maio de 2019

As desvantagens de ser visível

Domingo à tarde, jogado no sofá com a Flávia. No término do episódio ela me perguntou:

- Pode ir à Coop, na farmácia, comprar uns remédios para mim?

No carro, a Cultura FM estava transmitindo um programa sobre o preto Joaquim Callado, considerado um dos pais do choro e pai dos chorões. Obviamente que ouvia atentamente enquanto dirigia, todo orgulhoso por esse preto tão importante na História da Música brasileira.

Na Coop, estacionei meu carro e, como quase sempre acontece quando estou ouvindo algo interessante, fiquei estacionado com o carro ligado até terminar o trecho interessante. Deixo o carro ligado porque, se desligá-lo, o rádio desliga também e eu perco o que estava ouvindo.

Enquanto ouvia, um senhor chegou dirigindo um Ford New Fiesta com placa de vende-se. Pensei com meus botões: “para quem pretende vender o carro, seria interessante se ele desse um banho no veículo, né?” Ele teve dificuldade de estacionar e depois de milhões de manobras, estacionou distante do veículo à sua direita e queimando a faixa à sua esquerda, reduzindo o espaço de estacionamento da vaga ao lado, o que me fez lembrar da irritação que me causa esse tipo de situação quando vou estacionar e vejo que o infeliz que estacionou antes de mim foi incapaz de estacionar no centro do seu espaço.

Ainda perdido nos meus pensamentos enquanto ouvia sobre Callado na Cultura FM, bastou o cidadão descer do seu veículo, que chegou outro para estacionar. Um imponente Honda branco, novo. Parou em frente meu veículo e começou a manobrar, de ré, para entrar na vaga apertada. Notei que era uma moça quem dirigia o tal veículo. E, coisa raríssima de se ver, era uma negona, bem negona mesmo! Confesso que, pela raridade do acontecimento, na hora fui invadido por um surto de felicidade. Puxa vida, que legal! É tão difícil de ver isso! Naquele momento em me sentia tão infinito quanto um garoto de 15 anos, sentado entre a bela Sam e Patrick, na picape dirigida por ela, enquanto ouviam uma canção maravilhosa sobre um cara.

Depois de estacionar, ela abriu a porta e desceu do veículo, claro. Debaixo para cima, equilibrava-se em uma sandália de salto agulha, vestia uma legging preta e uma blusa bastante estampada com um decote farto (e o decote tinha bastante espaço para poder expressar sua fartura), além de madeixas volumosas, cacheadas, a escorrer pelas costas. Lembrei-me rapidamente do episódio surreal nos Isteitis em que policiais levaram para a delegacia uma preta por não acreditarem que o carrão dirigido por ela era dela. Fiquei feliz por ver aquela mulher poderosa descendo do seu bólido alvo como a neve.

Como era de se esperar, ela foi caminhando vagarosamente rumo à entrada da Coop, e vagarosamente passou em frente do meu veículo estacionado com o motor ligado, enquanto eu, provavelmente com um sorriso nos lábios, alimentava meus ouvidos com os sons de Callado e meus olhos com aquela preta bem-sucedida, coisa rara. E ela passando vagarosamente defronte meu carro. De repente, talvez por estar o carro com o motor ligado, ela se vira e me vê dentro do veículo. Senti-me um Bucthe Coolidge Pardo parado em um semáforo dentro de uma película de Tarantino.

Era tarde demais para disfarçar. Ela já tinha percebido que eu a estava olhando. Eu tenho um protocolo: quando uma mulher me chama atenção, pelo motivo que seja, e de repente ela olha para mim, na fração de segundo imediatamente anterior eu disfarço, para não a submeter ao desconforto de perceber que havia um macho a observá-la. Considero essa situação extremamente desagradável para as mulheres. Outro dia estava caminhando pela Av. Pereira Barreto, 20 h, mochila nas costas, uma garota alguns passos à minha frente. Observei que ela a todo instante olhava disfarçadamente para trás. Que situação complicada! Apressei os passos e fiquei um pouco à frente dela, para liberá-la do desconforto e do medo da ideia de estar correndo o risco de ser atacada. Até pensei em pedir-lhe desculpas quando passasse por ela, mas evitei isso porque, aí sim, ela iria pensar que seus temores estavam se concretizando, ahahah! Tadinha...

Bem, voltando um pouco atrás no desenrolar dos fatos... a deusa africana desceu do seu veículo e, ao passar vagarosamente em frente do meu carro enquanto eu, provavelmente com um sorriso besta nos lábios, ouvia Callado (gostei do trocadilho). Tarde demais: pego de surpresa, não havia mais tempo para eu desviar o olhar, e preferia que ela não me visse fazendo tal gesto. Só me restou sustentar o olhar. Do jeito que eu estava, sabe-se lá qual era minha expressão facial. Ela me olhou por uma fração de segundos, nessa fração de segundos acho que tentei passar para ela a mensagem “meu, estou orgulhoso de você!”, receio que sem muito sucesso. Ela olhou para frente novamente e seguiu com seus passados ritmados.

Quando quase sumia do meu campo de visão, numa reviravolta digna de Tarantino, parou, deu alguns passos para trás, virou o dorso e ficou alguns segundos ostensivamente olhando para a placa do meu carro. Penso que, em tal gesto, ela estava me mandando uma mensagem:

- Se velho pervertido, pense bem no que está pensando, porque eu já memorizei a placa do seu carro, viu?

Eu já estava pronto para descer do veículo, mas, obviamente, esperei ela se distanciar. Porque a coisa mais constrangedora que eu poderia fazer naquele momento seria descer do veículo logo atrás dela, não é mesmo?

Depois de alguns instantes, fui eu deixar uma pequena fortuna na farmácia da Coop enquanto pensava nas desvantagens de ser uma mulher em um mundo machista.

(PS: ah, sim... como devolução da sua gentiliza de memorizar a placa do meu veículo, também memorizei o dela: fulano em português de Portugal + número de emergência da polícia)

sábado, 18 de maio de 2019

De longe dodo mundo é normal

- Só vai levar isso hoje?
- Não, eu já tinha passado aqui antes, mas tinha preferido comprar mamão na outra barraca. Mas desisti.
- Esse aqui tá filé.
- Tá bonito mesmo, mas o da outra banca estava mais verdinho. Eu preferia. Mas quando cheguei perto, desanimei.
- Tava feinho, né?
- Pois é. Estava igual a mim. Se me vê de longe: "é... dá pra encarar...", mas quando chega perto: PUTA QUE PARIU!

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Memória de Petrushka e a velhice

Estou no quarto e ouço lá embaixo, na sala, o que o Felipe está ouvindo no Youtube. Ele sobe as escadas. - Pai, conhece Stravinsky? - Claro! Assobio o trecho que está tocando na TV e lhe digo: Petrushka. Ele fica surpreso que eu tenha "adivinhado" que música era. - Felipe, quando eu tinha 15 anos, quando recebi meu salário, a primeira coisa que fiz foi comprar dois discos daqueles grandões. Um com Sheherazade de Rimsky-Korsakov e outro com Petrushka de Stravinsky. - Você ainda tem esses "CDs grandões"? - Acho que não. Ele faz sua costumeira e quase interminável digressão sobre o assunto, pensando nas possibilidades do destino dos vinis, eu fico tentado a lhe dizer a diferença entre disco de vinil e CD mas prefiro não, ou terei que lidar com mais alguns minutos de digressões de sua mente criativa de 10 anos e, afinal, já deveríamos estar na cama. Ele desce as escadas e sobre algum tempo depois. - Pai, Petrushka começa assim: assobia as primeiras notas do balé. - Isso mesmo. - Eu conheço essa música faz tempo. Eu amo essa música! Fico pensando se não é mais uma viajada da sua mente fantasiosa ou se ele conhece há tempos mesmo. Até porque Petrushka não é uma composição popular. Mas ele deve ter se lembrado mesmo porque, lá embaixo, o piano segue tocando Petruska no Youtube e a frase inicial do balé não se repete ao longo da obra. Então ele se lembrou mesmo. Será que conheceu no Piano Tiles? Dei uma pesquisada hoje e não encontrei isso. Mas eu já ouvi Petrushka algumas vezes em casa e já comentei com ele. Será que ficou registrado na sua memória? Não sei... Preciso investigar melhor a questão. O interessante disso mesmo é algo que cada dia me espanta mais, na medida em que afundo aos poucos na minha areia movediça de sinapses cada vez mais precárias. Para eu me lembrar de uma coisa, hoje em dia, quase sempre preciso de algum estímulo forte. Hoje a Flavia Santos me perguntou se eu iria no evento amanhã. Que evento, o do Felipe? Deixa pra lá, ela respondeu. Deixei para lá por conta do estresse: era melhor não começar o dia com uma irritação desnecessária. Mas realmente não faço a menor ideia de que evento seria, e olha que gastei alguns minutos repassando o que eu faria amanhã. Lembrei-me de 2 possíveis eventos e citei o do Felipe porque era algo que eu tinha comentado com ela (vamos no sábado ao SESC ver a peça tal? O Felipe vai gostar). Mas não era esse o evento. Mas, se ela desse alguns detalhes, eu seria capaz de me lembrar. E esse evento pode ser algo que conversamos ontem, por exemplo. Eu posso simplesmente me esquecer totalmente. Daí vem um garoto de 10 anos e assobia o início de uma peça que não é popular, que tem uma melodia difícil, que raramente se toca e que ele mesmo deve ter ouvido pouquíssimas vezes? É, a velhice é uma desgraça mesmo... kkkkk

terça-feira, 14 de maio de 2019

Enciclopédia

Piano toca na Rádio Cultura FM
- Felipe, tem cara de Villa-Lobos, hein?
- É Villa-Lobos, pai: Saudades do Brasil No. 1.
Se o conhecimento enciclopédico do Vitor Gomes de Deus nos standards de jazz e no "vocal jazz" me deixaram comendo poeira há muito tempo, meu reinado no repertório pianístico está com os dias contados.
Resta-me, provisoriamente, o refúgio do bastião do repertório de bigbands e jazz mais "complicado" de um lado e um amplo conhecimento da música de concerto em geral, cultivado pela minha melomania desde os verdes anos. Nada que não possa ser superado nesse mundo de possibilidades de apreciação ilimitadas para quem se interessa pela arte.

sábado, 11 de maio de 2019

Herança positiva, negativa e cotas

Tenho conversado muito com amigos que são contra programas sociais. A ideia é que programas sociais estimulam a pobreza, a preguiça. Diante dos cortes de bolsas de pesquisa, gostaria de saber se tais amigos também seriam a favor. Suspeito que não.

A ideia básica é sempre a seguinte: conheço o caso de alguém muito pobre que lutou, ralou muito e veja onde chegou. Ora, se essa pessoa que representa 0,01% da população de miseráveis do país conseguiu, não tem por que o governo investir em programas sociais porque as pessoas ficarão acomodadas. Para essas pessoas, a regra geral deve ser definida a partir de um caso muito excepcional, não a partir do que acontece normalmente. Raciocínio bem obtuso esse.

Vejo diversos críticos a programas sociais como Bolsa Família alegando que eles favorecem a vagabundagem. Claro que tais pessoas são ignorantes no assunto e constroem suas opiniões a partir do senso comum que se baseia quase sempre em mitos. Pode dar a sorte de acertar, mas pode errar fragorosamente. Por exemplo, o motivo de o governo apoiar pesquisas, e ninguém discorda disso, é que tais pesquisas podem ajudar a pessoa a estudar sem ter que trabalhar no mercado de trabalho tradicional e o resultado das pesquisas pode ser útil para o país. Entretanto, nunca podemos perder de vida que o estudo também é um tipo de trabalho. Ou seja, de alguma forma, a pessoa também está trabalhando. Já em um programa social como Bolsa Família, um dos pilares é o mesmo raciocínio: em vez de colocar a criança para trabalhar e ajudar no orçamento familiar, o governo paga uma bolsa para que ela estude, o que pode ajudar a criança e o país também porque é um cidadão a mais melhor preparado, tudo o que países pobres como o Brasil precisam: pessoas bem preparadas. Por que mesmo assim meus amigos são contra? Provavelmente porque não conhecem bem para que existem esses programas e, boa parte deles – desconfio – por puro preconceito mesmo.

Outro amigo me disse que cotas são esmolas e que ele discorda totalmente. O governo tem que parar com isso porque as cotas roubam vagas de pessoas mais capacitadas. Ou seja, a vaga de uma pessoa mais capacitada estaria sendo utilizada por um cotista. Eu argumentei que cotas são uma espécie de indenização que o governo paga por ter prejudicado essas pessoas historicamente. Ele discorda. Perguntei se ele aceitaria indenização caso o governo instituísse uma para donos de veículos que tivessem seus carros avariados em buracos pelo fato de o governo não cuidar adequadamente da conservação das vias públicas. Ele disse que sim. Veja que, aplicando seu argumento anti cotas, esse dinheiro estaria deixando de financiar saúde e educação para lhe dar esmola. Mas mesmo assim ele acha justo e aceitaria de bom grado. Ou seja, qualquer indenização que o governo pague PARA ELE é justa. Se for uma indenização que ele não se veja contemplado (ele é branco, cristão blablabla), é injusta.

Mas, segundo essas pessoas, meu argumento de cotas é ainda mais indefensável porque não faz sentido indenizar descendentes por sofrimentos passados por seus pais causados pelo sistema e que limitaram suas possibilidades no presente. Isso leva à ideia que eu quero expor, a da herança positiva e negativa.

Normalmente esse tipo de pessoa é contra taxar grandes fortunas e heranças. Segundo o raciocínio dessas pessoas, a ideia de que os filhos têm todo o direito de usufruir integralmente da herança deixada por seus pais é algo inquestionável e que não representa um privilégio. Afinal, eles estão usufruindo dos efeitos dos bens conseguidos pelos seus pais. Taxar isso pensando em uma maior justiça social é uma violência com esses pobres milionários. Obviamente que seus pais conseguiram tais bens em função de seu esforço (caso não tenha sido obtido por meio de herança), mas mesmo esse esforço foi à custa de um sistema bastante complexo que favorece uns e limita outros, mesmo considerando as capacidades individuais.

O fato é que, independente de como alguém tenha conseguido amealhar a fortuna, é justo que seus herdeiros sejam beneficiados sem restrição disso, sem a necessidade do esforço para amealhar sua própria fortuna. Se considerarmos os vivos, a ideia é o seguinte:
1. Se eu trabalhei, é justo que usufrua da riqueza que isso me proporcionou (parece-me bastante coerente tal raciocínio)
2. Se eu fui lesado pelo estado de alguma maneira (como o exemplo da via pública mal conservada acima), é justo que eu seja indenizado por isso (parece-me bastante coerente tal raciocínio)

Agora façamos o mesmo exercício para os herdeiros, usando a mesma lógica
1. Se eu amealhei uma fortuna em vida, o resultado disso é meus herdeiros usufruírem totalmente dela
2. Se em vida eu fui prejudicado pelo sistema (como escravo), o resultado disso é meus herdeiros não escravos terão uma vida miserável, então é justo que eles sejam indenizados por isso

Obviamente que meus amigos anti cotas não concordarão com a segunda colocação ainda que a primeira lhes deixe felizes e entusiasmados. Afinal, na cabeça deles só vale a “herança positiva”, a “negativa” não. Para mim é uma forma de pensar bastante capenga, desequilibrada. Talvez meus amigos dirão: mas a escravidão acabou há muito tempo... Aí que está: nem é tanto tempo assim e a situação da exclusão social dos afrodescendentes foi agravada ao longo do tempo justamente porque os descendentes diretos nunca foram indenizados, sem dizer que brancos europeus receberam do governo cotas para os auxiliarem na condição de migrantes (esforço sistêmico de embranquecer a população) enquanto os pretos libertos e seus descendentes eram colocados à margem da sociedade pela questão do racismo.

Enfim, é todo um sistema de pensamento muito arraigado nas pessoas e que custará muito tempo de esclarecimento ainda para evoluirmos na questão.

domingo, 5 de maio de 2019

Estudando inglês

Vitor Gomes de Deus ajudando o Felipe na lição de inglês:
- Vítor, o que é "is"?
- É um verbo: "ser" ou "estar" (istar).
Eu:
Felipe, por exemplo:
Estrela em inglês é "istar".
Pequena estrela é "lírou istar".
Então você pode dizer "lírou istar" ou "lírou is"
Conclusão:
Não basta ser pai, tem que participar.

Educação: retrato de dois Brasis em um curto diálogo

Uma amiga viu um vídeo de uma orquestra de estudantes tocando um arranjo que escrevi e comentou:
“Minha filha ia curtir tocar,.ela toca violino e piano.
E canta divinamente!!
Mãe coruja.”
Eu respondi:
“Que show!!!!
Nada como colocar os filhos em escolas que incentivam tudo aquilo que o governo atual quer destruir, né?
Ficaremos assim: os ricos e os filhos daqueles que colocam os filhos em escolas particulares investindo no pensamento crítico, na arte, no diálogo com sua realidade e tudo o mais!
Viva nossos filhos que estão sendo bem encaminhados, porque são esses que estão sendo preparados de fato para os desafios cada vez maiores do século XXI.
A lamentar somente pelos filhos dos alienados que não fazem ideia do que sejam Paulo Freire, Vygotsky e estão vibrando que agora a toada é "ser filhos não devem pensar, não devem ter senso crítico, precisam apenas aprender a apertar parafusos e fazer contas aritméticas."
Matéria-prima para alienados, manipulados.
melhor para nossos filhos... 🤷🏽‍♂😄
(na realidade o emotion correto deveria ser 😰)”
Infelizmente, brasileiros que estão apoiando as insana cruzada ideológica de Pocketnaro e seus lunáticos, o fazem, parece-me que por uma fatal combinação de ignorância (mesmo tendo canudo universitário) e alienação.
As elites, aquelas que estão preparando corretamente seus filhos para o século XXI, como é o caso da minha amiga cuja filha estuda em uma cara escola de elite, riem dessas bobagens educacionais que Pocketnaro e seus lunáticos vomitam a cada instante.
Pais conscientes e que estão preparando de fato seus filhos para esse mundo cada vez mais competitivo sabem que a toada pocketnariana é um desastre porque não se faz pessoas competitivas sem o pensamento crítico, sem toda a bagagem de humanas e filosofia.
Pocketnaro quer preparar os pobres do Brasil para serem dóceis e manipuláveis apertadores de botão. As elites estão preparando seus filhos para serem líderes. Eis a questão.
Eu, mesmo não tendo meus filhos nas escolas mais caras do país, jamais abri mão desse aspecto: educação densa, com muita bagagem que estimule seu pensamento crítico, além das questões mais de exatas. Certamente meus filhos estarão mais bem preparados que os filhos dessa leva de ingênuos pocketnarianos que pensam estar no caminho certo porque “estão acabando com esse ‘pensamento de esquerda’”. Esse tipo de brasileiro não poderia ser mais ingênuo e mão-de-obra útil para quem está mais acima aumentar ainda mais a concentração de riqueza por meio da exploração dessa massa de dóceis manipulados.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Uma valsa

Caderno de música nas mãos:
- Pai, compus uma valsa.
- É? Deixa eu ver.
Bato olho na partitura.
- Tem alguma nota errada?
- Tem. Algumas, mas é o mesmo erro repetido.
- ???
- Aqui, ó: você escreveu mi-fá mas estava pensando em fá-sol.
Olha pensativamente, revisa a partitura...
- Não, é isso mesmo!
- Tem certeza? Então toca.
Senta ao piano. Toca e quando chega na primeira ocorrência de mi-fá, para desconcertado.
Pensa...
- É mesmo... Mas eu escrevi tudo errado!
- Normal, Felipe. Você escreveu a primeira vez errado e repetiu o erro sem perceber. Isso é comum. A gente faz muito isso. Para isso que servem os revisores.
- Ah, tá...
Olha a partitura pensativo, talvez com preguiça de apagar as notas erradas e escrever de novo.