quarta-feira, 16 de maio de 2018

Sobre minhas "polêmicas"

Vez por outra algumas pessoas me aconselham a ser "menos polêmico" com o argumento de que isso só atrapalha.

Na realidade, não tento ser polêmico. Apenas escrevo o que me parece ser coerente.

Há quem acredite que minhas escritas tiram as pessoas do "reino". Já me chamaram de anticristo, já aconselharam pessoas a não falarem comigo porque eu tiraria as pessoas da igreja. kkkkkkkkkkk.

Há quem prefira que eu trocasse meus pensamentos por versículos bíblicos. Quando escrevo, meu objetivo não é tirar nem colocar ninguém no reino. Isso me lembra uma frase de Jesus aos seus discípulos: “os pobres sempre os tendes convosco”. O que ele quis dizer com isso? Longe de defender a pobreza, ele queria dizer que os pobres sempre existiriam, e em abundância. E ele continua: “mas a mim nem sempre me tereis”. Ou seja, o elemento raro naquele cenário era ele.

Eu sempre convivi dentro do ambiente eclesiástico. O que não nos falta são versículos bíblicos. Nós os temos em abundância. Basta dar uma olhada no perfil do facebook dos cristãos e eles estarão ali, às pencas. Os versículos, sempre os tendes convosco. O que nos falta, na realidade? Um pouco mais de reflexão. Um pouco mais de “por quê”? Isso é raro no nosso meio. É o que eu faço: coloco interrogações onde elas geralmente não são feitas.

Nossas igrejas estão lotadas de pessoas que são capazes de dizer vários versículos de cor mas não têm ideia do que é ser de fato um cristão. A Palavra de Deus sem reflexão não serve de muita coisa. Então, à minha moda, em vez de ficar passando versículos para as pessoas lerem, eu apenas pergunto para elas: “Entendes tu o que lês?”. Ou seja, nossa fé é resultado da uma reflexão, de um processo mental consciente, emancipado, ou simplesmente seguimos a boiada, sem pensar muito? De que serve uma fé se não é fruto da uma reflexão autônoma? A fé não deveria ser uma vaca sagrada que a gente coloca em um altar de destaque no meio da sala da nossa vida e ficamos olhando para ela em um eterno estado de letargia. Ela precisa ser repensada diariamente, pela renovação do nosso entendimento. Ela precisa ser questionada a todo instante: será que é isso mesmo o que me disseram? Por que estou fazendo isso?

Porque fé sem reflexão é nada. Versículos engolidos como se fossem apenas pílulas mágicas que vão nos dar vida não levam a lugar algum. É preciso fazer uma conexão disso tudo com a vida real, cotidiana.

Se eu estiver criando uma pulga na orelha das pessoas que me leem e que as leve a lançar um olhar mais crítico à sua fé de forma que se tornem cristãs mais parecidas com Cristo, coisa raríssima hoje em dia, estará ótimo.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Ler é preciso

2017 foi um ano difícil para a leitura. Ano complicado profissionalmente, me afastou dos livros. Comecei a ler alguns livros e os abandonei. 2018 está aí para concluir as leituras abandonadas. Livros completos foram 2 apenas:

Breve história de quase tudo (Bill Bryson) - 544 páginas
Homo Deus - Uma Breve História do Amanhã (Yuval Noah Harari) - 448 páginas

domingo, 6 de maio de 2018

Os Mestres Cantores de Nuremberg


Na minha infância, mergulhei no universo da música de concerto pela Rússia. Tchaikovsky era meu grande herói, seguido de perto por Rimsky-Korsakov, Mussorgsky, Borodin, Stravinsky, mais tardiamente Prokofiev, Rachmaninoff, Lutoslawsky e outros... Mais tarde acabei me convertendo a Bach, algo que minha experiência musical de concerto insipiente não me permitia gostar porque me parecia um pouco chato. Mas minha devoção por Tchaikovsky não era apenas por suas melodias românticas arrebatadoras, mas pelo caráter barroco de suas orquestrações com seus contracantos e firulas que me deixavam em êxtase...

Desembarquei na Europa alguns anos mais tarde. E foi por meio de peças monumentais como essa transcendental Abertura de Os Mestres Cantores de Nuremberg. Wagner, esse monstro, sempre me impressionou demais. Até hoje essa peça me deixa em êxtase e foi a primeira peça de um compositor europeu que fiz citação em um dos diversos arranjos que escrevia na época, esse aos 17 anos, um arranjo para vozes e ensemble de metais, onde queria imprimir um caráter mais grandioso. Antes dessa citação, as únicas eram a compositores russos, especialmente Tchaikovsky.

Lembrei-me disso ao ouvir essa semana no carro com o Felipe, meu caçula, um dos seus CDs de música de concerto. Aliás, aos 9 anos ele já possui um conhecimento desse universo bem maior que eu tinha com a sua idade, graças às facilidades da vida atual. Se meu pai nunca me estimulou a ouvir música de concerto embora tenha me ensinado música e plantado a paixão por ela dentro de mim, nunca incentivei o Felipe ao mesmo. O interesse dele brotou naturalmente ao interagir com o aplicativo “Piano Tiles”. Efeito colateral virtuoso das facilidades da vida atual.