Na minha infância, mergulhei no universo da música de
concerto pela Rússia. Tchaikovsky era meu grande herói, seguido de perto por Rimsky-Korsakov,
Mussorgsky, Borodin, Stravinsky, mais tardiamente Prokofiev, Rachmaninoff,
Lutoslawsky e outros... Mais tarde acabei me convertendo a Bach, algo que minha
experiência musical de concerto insipiente não me permitia gostar porque me
parecia um pouco chato. Mas minha devoção por Tchaikovsky não era apenas por
suas melodias românticas arrebatadoras, mas pelo caráter barroco de suas
orquestrações com seus contracantos e firulas que me deixavam em êxtase...
Desembarquei na Europa alguns anos mais tarde. E foi por meio de peças monumentais como essa transcendental Abertura de Os Mestres Cantores de Nuremberg. Wagner, esse monstro, sempre me impressionou demais. Até hoje essa peça me deixa em êxtase e foi a primeira peça de um compositor europeu que fiz citação em um dos diversos arranjos que escrevia na época, esse aos 17 anos, um arranjo para vozes e ensemble de metais, onde queria imprimir um caráter mais grandioso. Antes dessa citação, as únicas eram a compositores russos, especialmente Tchaikovsky.
Lembrei-me disso ao ouvir essa semana no carro com o Felipe,
meu caçula, um dos seus CDs de música de concerto. Aliás, aos 9 anos ele já
possui um conhecimento desse universo bem maior que eu tinha com a sua idade,
graças às facilidades da vida atual. Se meu pai nunca me estimulou a ouvir
música de concerto embora tenha me ensinado música e plantado a paixão por ela
dentro de mim, nunca incentivei o Felipe ao mesmo. O interesse dele brotou
naturalmente ao interagir com o aplicativo “Piano Tiles”. Efeito colateral
virtuoso das facilidades da vida atual.
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