quarta-feira, 19 de abril de 2017

Nossa desgraça cotidiana

"Dia desses meu carro teve um problema e nós viemos rebocados no guincho. Eu vim na boleia do caminhão conversando com o caminhoneiro. Daí fui perguntando sobre a questão política. Ele me falou uma coisa que eu achei antológica:
- Eu não gosto da internet, porque a internet me confunde. Eu assisto o jornal da tv e tá tudo bem informado. Mas, quando eu vou para a internet, eu fico confuso.
Eu disse para ele:
- Mas essa confusão é que vai lhe dar o contraponto, meu amigo.
Ele falou:
- Mas eu não gosto dela.
Quer dizer, ele quer ser enganado. Essa é a questão."
Meu comentário ao meu amigo, Rômulo:
Ri alto aqui, Rômulo!!!
Esse cara é o arquétipo do brasileiro!
Aliás, o arquétipo do religioso.
O cara não quer ter sua mente aberta. Ele quer ser enganado por seus mitos, por suas crenças simplórias.
Encarar a vida, a realidade, tal como ela é, implica em ter que assumir suas próprias broncas, implica em não estar sob a tutela de ninguém, implica em pensar por si próprio e todos os riscos que isso implica.
No geral, as pessoas não querem isso. Elas querem que uma instância superior decida por elas. A vida é muito mais fácil assim.
Por isso as pessoas preferem que o Jornal Nacional decida que narrativa elas vão acreditar.
No limite, é isso o que a maioria das pessoas quer.
Por isso o país está uma merda.
Por isso não conseguimos sair dessa desgraça.

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