sexta-feira, 8 de julho de 2016

Uma história de ofensa, arrependimento e não perdão

Uma pessoa amiga me disse algumas palavras duras ontem e eu fiquei muito chateado. Mais tarde se arrependeu e me pediu perdão. Eu, ofendido, não a perdoei. Passei a noite remoendo aqui. Foi então que recebi a visita de um anjo me dizendo que minha bênção estava no baú que ele carregava, mas que, por causa do meu pecado oculto, eu não a receberia.

Passei a noite lutando com o anjo para que me desse a bênção, ou melhor, o baú, a despeito do meu orgulho por não reconhecer meu pecado não confessado. Lutei muito tempo sem conseguir subtrair-lhe o baú da minha bênção. Até que, depois de muito lutar, consegui tomar o seu baú.

O anjo, zombeteiramente, fez uma dancinha e me disse: “Mas eu ainda tenho a chave, la, la, la, la, laaaa, la!”

Enfurecido, lancei-me sobre ele e nos engalfinhamos na luta novamente, dessa vez para que minha bênção fosse completa: a chave! Depois de muito lutar, consegui tocar na junta do seu cotovelo, desloquei-a com uma luxação, a chave caiu no chão, peguei-a e dei no pé.

O anjo, que se chamava Elias, começou a urrar de dor por causa da sua súbita luxação e, enquanto eu escapava, praguejou para que ursas saíssem da mata e me devorassem. Por sorte o anjo não se chamava Eliseu. Não fosse isso, as ursas – que só ouvem a voz do seu pastor – teriam atendido a seu apelo e eu não estaria aqui para contar a história desse livramento e frustração também, o que eu esclareço a seguir.

Pois bem, vejam como Deus tem seus mistérios: de posse da chave da bênção, abri o baú e havia um pergaminho ardente que não se consumia. Cuidadosamente, para não queimar os dedos, abri-o e havia apenas uma mensagem:

“Perdeu, neguinho – negão não, porque você é baixinho, playboy não, porque você não é branco: quem tem olhos e sabedoria que leia e decifre esse enigma – mas, voltando à mula fria, perdeu, neguinho: se você tivesse perdoado 70 dividido por 70 vezes a pessoa que lhe ofendeu e depois se arrependeu, em vez desse pergaminho ardente, teria um reluzente pote de ouro, sua bênção, ou quem sabe as próximas dezenas da megassena.”

Tão logo terminei a leitura, o pergaminho escapou de minha mão, abrigou-se dentro do baú que se fechou automaticamente, transformou-se em uma carruagem de fogo e foi assunto ao céu, como um raio que vai do oriente ao ocidente.

Eu fiquei a ver navios mas aprendi a lição: procurei a pessoa que me ofendeu, pedi-lhe perdão, assim como lhe perdoei os seus pecados. Porque, da próxima vez que cruzar com o anjo, ele não me escapa, o danado.


Portanto, fica a dica dessa minha experiência:

Seja pronto para perdoar
e tardio para se ofender
e desfrute de todas as bênçãos
que a Fortuna tem preparado para você.

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